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Alice Marcone, uma das palestrantes do FIRE FESTIVAL, atua em várias áreas. Formada em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), ela deixou de atender em clínicas e passou a se dedicar à contação de histórias.
Nos últimos anos, Alice tem feito isso de formas variadas: apresentando o reality “Born to Fashion”, no E! Entertainment; lançando singles de música sertaneja, como "Noite Quente"; e atuando – ela é protagonista do curta "Bonde", que ganhou prêmios no Brasil e no exterior.
Achou pouco? Isso é só o começo. É no campo do roteiro que ela, uma mulher trans, tem se destacado com trabalhos que impactaram milhões de pessoas. Alice está na equipe que assina séries de sucesso, a exemplo de “De Volta aos 15”, da Netflix; “Noturnos”, do Canal Brasil; e “Manhãs de Setembro”, protagonizada pela Liniker no Amazon Prime Video.
No FIRE FESTIVAL deste ano, ela vem para apresentar as narrativas enquanto recurso importante a quem quer impactar a audiência. “Desde que me entendo por gente estou mergulhada na contação de histórias. Filha de uma funcionária pública que coleciona livros e de um pescador que adora narrar causos em volta da fogueira, muitas de minhas primeiras memórias envolvem essa atividade”, diz.
Para dar um gostinho do que vamos encontrar no palco do evento, que ocorre em Belo Horizonte neste mês, Alice compartilhou com o ONFIRE onde busca inspiração na hora de construir narrativas que engajem.
CONHEÇA AS TÉCNICAS DE STORYTELLING
De acordo com a roteirista, em um cenário mediado pelas redes sociais, é evidente que as ferramentas de storytelling podem ser aproveitadas por diversos formatos de produção de conteúdo.
"Desde formas óbvias, tipo os vídeos-esquetes e os memes com um lado narrativo que dominam o TikTok e os Reels do Instagram, até os menos facilmente identificáveis, como o storytelling por trás da identidade de uma marca, do lançamento musical de um artista, do perfil de qualquer profissional ou mesmo de um reality show”, conta.
Por isso, Alice dá a dica de pesquisar quais são os elementos que tornam uma narrativa impactante. “Há princípios que me parecem fundamentais ao contar (ou representar) uma história em qualquer mídia ou formato. Todas têm começo, meio e fim, ou seja, são sempre um recorte da verdade, estabelecidos com objetivos específicos."
Um jeito de atingir esse objetivo, segundo a roteirista, é saber a mensagem que se quer transmitir e – visando o engajamento do público – ter em mente qual emoção se quer provocar.
O QUE CONTAR
Alice acredita que sua vocação se divide em dois grandes propósitos: construir novas narrativas para pessoas como ela, gerando um novo imaginário em relação aos LGBTQIAPN+ e pretas, mas também falar de discussões universais e pertinentes a partir de uma perspectiva única.
Para Alice, ao elaborar suas dores e amores, é mais fácil imaginar novos mundos possíveis para que pessoas como ela passem a ocupar lugares nunca antes imaginados.
"Posso produzir imagens e histórias inovadoras que emocionam todo tipo de pessoa, afinal, apesar de tudo que tenho de específico e singular, também sou gente e acredito que as emoções e questões que me constituem, no fundo, possuem uma base comum em relação a toda a humanidade.”
ONDE BUSCAR INSPIRAÇÃO
Alice gosta muito de ter sua escuta aberta para as alteridades, para as questões urgentes do mundo e da sociedade de maneira mais ampla, que atravessam cotidianamente pessoas com as quais se identifica, mas principalmente, aqueles que entende como diferentes.
"Às vezes, não há nada mais terapêutico e potente criativamente do que sair de nós mesmos. Então estou sempre atenta às notícias, às outras histórias que estão sendo produzidas ou nas conversas que as pessoas estão tendo no metrô, nos restaurantes, nas festas."
Para a autora, contar histórias é uma habilidade que pode ser usada para trazer luz a tópicos particulares, mas também para aquelas que a transcendem e nos concernem enquanto coletividade. Uma maneira de nos entendermos uns aos outros, de nos conectarmos e enxergarmos o universo sob novas perspectivas.
FAÇA TESTES
Perfeccionismo, autocrítica excessiva e insegurança são características que acompanham Alice na sua rotina. Para lidar com esses obstáculos, ela toma como regra o compartilhamento das histórias que escreve com quem confia.
“Sou totalmente dependente dos meus amigos, dos meus amores e dos meus colegas de trabalho que funcionam como os ‘consumidores teste’ das minhas histórias. Antes de levá-las ao mundo, preciso levá-las a quem confio e, sobretudo, a quem eu sei que tem um propósito compartilhado comigo em contar aquela história. Sem esse olhar de fora, sem essa interlocução, eu nunca conseguiria estar satisfeita com uma história.”
AMPLIE CONHECIMENTOS
Alice fala que a criação e expansão de repertório é fundamental para qualquer narrador. “Leia, assista a filmes, séries, vídeos, estude, procure livros técnicos, teóricos e práticos sobre o assunto. Expanda suas referências, veja o mundo e o que já foi feito antes. Veja o que é bom e veja o que é ruim. Entenda no que se espelhar e do que se distanciar.”
SAIBA MAIS NO FIRE
Não deixe de acompanhar a participação da Alice Marcone no festival. Os ingressos estão à venda exclusivamente no
site do FIRE e podem ser adquiridos com condição especial à vista ou parcelados em até 12 vezes.
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